Guerreiras na luta contra a Covid – 19

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Emile Amador Sigales Emerick

 

Elas representam 70% dos profissionais de saúde no mundo inteiro. No Brasil, as enfermeiras são 85% da categoria. Na capital mineira elas são 77% dos profissionais da saúde, dado da Secretária Municipal de Saúde.

 

Da Redação

 

A ONU Mulheres alerta no relatório “Covid-19 na América Latina e no Caribe: como incorporar mulheres e igualdade de gênero na gestão da resposta à crise”, para a distinção dos impactos entre homens e mulheres. Como na maioria das vezes o número de mulheres na linha de frente no enfrentamento a pandemia é maior do que o número de homens, essa carga acaba sendo ainda mais pesada para elas. Pois, além das mulheres serem a maioria dentro dos hospitais, elas também têm forte atuação em casa, onde foram convocadas a assumir os cuidados de idosos, crianças e doentes, devido à saturação dos sistemas de saúde e do fechamento das escolas.

Na área da saúde, o UniBH e o Centro Universitário Una identificaram profissionais que, além de lecionar nas instituições, atuam na linha de frente no combate à Covid-19. São histórias, angústias e medos dessas mulheres que não se rendem diante das adversidades do momento. É o caso da Daniela Moraes, professora de Urgência e Emergência do curso de Enfermagem do UniBH. Ela é professora, profissional, esposa e mãe de duas filhas. Além de lecionar, Daniela é profissional do SAMU há 16 anos, atuando diretamente no combate à pandemia.

— Meu maior medo é sim levar o vírus para minha casa, meus familiares, aqueles que amo. Mas por outro lado, fico muito tranquila, pois seguimos todos os protocolos de segurança — enfatiza.

Daniela conta ainda que, neste momento da pandemia, o maior desafio é a demanda.

— Cada vez mais estamos vendo um aumento do número de casos, uma sobrecarga de trabalho enorme. Nós profissionais da saúde, estamos muito cansados e exaustos em relação a pandemia. Tenho uma rotina muito corrida. Procuro me dividir para ser mãe, mulher, esposa e profissional. Não é fácil! Mas não abro mão de cuidar de mim também. Mesmo sendo corrido, eu tenho dado conta. Tiro forças todos os dias por acreditar que estou fazendo a diferença na vida das pessoas — destaca.

Em outra frente, Lilian Souza, professora de Clínica Médica, do curso de Medicina do UniBH, atua também no Hospital das Clínicas, desde o início da pandemia, fazendo exames de ecocardiograma em pacientes que têm Covid-19. Segundo Lilian, esse exame faz parte do protocolo de atendimento aos pacientes que têm complicações. Casada e mãe de dois filhos, a profissional conta que existe um medo diário por ter muito contato com infectados.

— Mesmo sendo vacinada, tenho muito medo pelos meus familiares. Porém, esse é o meu trabalho. Nesse momento temos que manter a calma. Já somos sobreviventes. Agora temos que cuidar para permanecermos nesse estágio. Devemos ficar em casa, quem puder, e seguir todos os protocolos de segurança. É como disse Charles Darwin, quem sobrevive não é o mais forte, mas aquele que se adapta melhor as transformações — explica.

Emile Amador Sigales Emerick é preceptora de estágio do curso de Enfermagem da Una Cidade Universitária e plantonista do CTI do Hospital Santa Casa, em Belo Horizonte. Nesse um ano de pandemia, ela aprendeu a conciliar a lida com casa, marido, gravidez, família, alunos,  pacientes, procedimentos e protocolos exaustivos.

— No começo foi muito difícil, porque estar na linha de frente contra uma doença que ainda se sabia muito pouco, era trabalhar com medo todos os dias. O manejo clínico dos pacientes era assustador — conta.

A rotina mudou da noite para o dia.

— Acaba que a carga de trabalho da mulher é muito maior. Dou aulas pela manhã, estudo à tarde, cuido da casa, acolho meus pacientes, dou atenção aos meus alunos, tento me fazer presente para a família, mesmo não estando com eles. Se eu não tiver um planejamento rigoroso das minhas horas, fico sem descanso — conta.

Se ela pudesse escolher uma homenagem para o Dia das Mulheres, seria a valorização das profissionais de saúde, especialmente da enfermagem, onde a classe é predominantemente feminina.

— É um trabalho essencial para a saúde acontecer. Não há saúde sem a enfermagem e a força de trabalho feminina — diz.

 

Fontes:

 

Daniela Moraes, professora de Urgência e Emergência do curso de Enfermagem do UniBH;

Lilian Souza, professora de Clínica Médica do curso de Medicina do UniBH;

Emile Amador Sigales Emerick, preceptora de estágio do curso de Enfermagem da Una Cidade Universitária;

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