Da Redação

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), Luciana Santos, acaba de ser eleita para um dos mais importantes cargos da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Trabalhadores do Estado (Clate). Já diplomada, Luciana Santos vai chefiar a Diretoria de Assuntos dos Trabalhadores Migrantes. A Diretoria, hoje denominada Secretaria, tem por objetivo cuidar dos destinos de trabalhadores em migração na América do Sul e foi criada em 2017, após a Confederação realizar um estudo que apontou o crescimento vertiginoso de trabalhadores em migração na América do Sul, América Central e Caribe em busca de trabalho fora de seus países.

Luciana Santos foi eleita por delegados de organizações sindicais dos 18 países que integram o Clate, e que representam cinco milhões de associados e filiados na região. A eleição foi realizada por meio de teleconferência durante o 13º Congresso do Clate. O congresso elegeu o novo Comitê Executivo da entidade, que cumprirá mandato de 2021 a 2025. O congresso também aprovou o plano que vai nortear as ações que a entidade desenvolverá nos próximos anos em defesa dos trabalhadores do setor público de toda a região, começando pelos países do chamado Cone Sul.

Júlio Fuentes, reeleito presidente da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Trabalhadores do Estado(Credito: Site Clate)

O dirigente e membro da Diretoria Nacional da Asociación dos Trabajadores do Estado da República Argentina (ATE), Julio Fuentes, foi reeleito para um novo mandato (2021-2025) como presidente da Confederação, organização internacional que reúne sindicatos de trabalhadores do setor público em toda a América do Sul.

Em 54 anos de história, a Confederação conta com 87 organizações nacionais filiadas, diretamente ou por meio de federações, e está presente em 18 países da América Latina e do Caribe. Dessa forma, sua representação chega a mais de cinco milhões de trabalhadores do setor público filiados aos sindicatos de base.

LUTA SINDICAL

Para Luciana Santos, sua eleição para ocupar cargo de tamanha visibilidade internacional em uma das mais importantes organizações da atividade sindical na América do Sul, só foi possível graças ao trabalho como presidente do Sintram. Luciana Santos cumpre em 2022 seu último ano, do segundo mandato, como presidente do Sintram. Ela está no comando de um dos maiores sindicatos de Minas Gerais desde 2015, quando foi eleita para seu primeiro mandato. Em 2018 foi reeleita, conquistando uma das votações mais expressivas na história do sindicato, ao obter 1.301 votos, 64,37% da votação válida.

A gestão de Luciana Santos à frente do Sintram, que nas duas gestões enfrentou um dos momentos mais críticos da economia e da política do país, foi o alicerce que a levou a ser eleita em agosto passado presidente da regional mineira da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), entidade nacional fundada em 2005 e que hoje é composta por cinco confederações, 82 federações, 1.078 sindicatos, entre eles o Sintram, e cerca de 10 milhões de trabalhadores em todo país.

Agora Luciana Santos assumirá um cargo internacional, que cuidará de um dos temas mais comoventes no mundo atual, que é a migração. A exemplo do que ocorre em boa parte do mundo, na América do Sul a migração de pessoas que não encontram trabalho em seus países de origem teve um crescimento espantoso nos últimos anos. Não há dados estatísticos confiáveis, mas o Clate estima que a migração na região da América do Sul cresceu em torno de 65% nos últimos quatro anos.

“Nossa missão é apresentar uma perspectiva de migração que preserve os direitos do migrante, trabalhando pela aplicação das normas internacionais sobre migração, tanto da Organização Internacional do Trabalho como das Nações Unidas. Também devemos apresentar estratégias de proteção aos trabalhadores migrantes, promovendo a cooperação entre as organizações de trabalhadores. Temos como meta desenvolver a filiação dos trabalhadores migrantes em sindicatos, para garantir seus direitos através da negociação coletiva. São objetivos básicos de nossa Secretaria, que também deve trabalhar em outras frentes para que o trabalhador migrante possa encontrar uma nova vida no seu país de destino”, explica Luciana Santos.

LUTA SINDICAL

LUCIANA SANTOS: A luta trabalhista e a defesa ferrenha dos direitos dos trabalhadores

Nos dois mandatos s à frente do Sintram, Luciana Santos teve que administrar uma crise econômica, uma outra após a tentativa de desmonte do movimento sindical e, por fim, a crise provocada pela pandemia. “No nosso primeiro mandato à frente do Sintram estávamos no auge da maior crise econômica que o país viveu, e continua vivendo, após a implantação do Real. A inflação em alta, os salários em baixa e uma enorme dificuldade em negociar com as prefeituras o mínimo para garantir que os trabalhadores de nossa base tivessem os salários preservados. Em parte conseguimos isso, mas muitos trabalhadores tiveram perdas significativas nesse período, principalmente em Divinópolis, onde a negociação sempre foi mais difícil. Depois veio a tentativa de desmonte do movimento sindical, que começou no governo Temer com a reforma trabalhista. Ao acabar com a contribuição sindical obrigatória, a reforma tirou uma das principais fontes de recursos para financiamento da luta trabalhista. Logo depois veio o governo Bolsonaro, que de imediato acabou com o Ministério do Trabalho, provocando uma bagunça generalizada no governo, que bateu cabeça até esse ano, quando Bolsonaro recuou e recriou o Ministério”, analisa Luciana Santos.

A presidente do Sintram lembra que, apesar das dificuldades, o sindicato permanece forte. “Foram muitas dificuldades, mas sobrevivemos a todas elas e ainda conseguimos ampliar a ação do Sintram, oferecendo mais serviços, sempre com as contas absolutamente em dia e mantendo a luta obstinada pela preservação dos direitos dos nossos trabalhadores, o que continuaremos fazendo incansavelmente. O Sintram sobreviveu porque conta com dirigentes empenhados na luta trabalhista. Chegar a essa entidade internacional é um prêmio para todos os diretores que me ajudaram na gestão passada e na atual, pois sem eles não seria possível garantir a sobrevivência do Sintram em dias tão difíceis. Agradeço a todos, especialmente aos servidores que nos conduziram a dois mandatos e foi por eles que a diretoria e eu dedicamos nosso tempo, nosso esforço e nossa convicção para trabalhar em defesa da classe que move o país”, finaliza Luciana Santos.

Reportagem: Jotha Lee
Comunicação Sintram

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