Loja de shopping em BH é acusada de constranger criança de Divinópolis com autismo

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Da Redação

 

Fernanda Fernandes, bióloga e veterinária de 39 anos, relatou um caso de discriminação sofrido por sua filha de três anos na loja Bizz, localizada no Shopping Estação, em Belo Horizonte, na última segunda-feira (28). Segundo Fernanda, a menina, que possui autismo, epilepsia e a síndrome rara Triplox, fez xixi no chão da loja durante uma visita com a mãe para comprar um anel. A criança, que mora em Divinópolis com a avó, estava em Belo Horizonte para uma consulta médica e, após o compromisso, pediu à mãe para ir ao shopping.

Fernanda conta que, ao perceber que a filha havia feito xixi na calça, solicitou ajuda a uma funcionária da loja para limpar o chão.

— A funcionária, que parecia ser a gerente, respondeu de forma irônica e desdenhosa, dizendo que o pano da loja ‘ficaria fedendo a xixi — relata a mãe.

A funcionária teria ainda chamado outras colegas para ver a situação e fez mais comentários depreciativos sobre o odor que o local ficaria.

— A minha filha ficou visivelmente nervosa, escondendo o rosto e fazendo o flap, um movimento comum em crianças com autismo — acrescenta Fernanda.

Desconcertada, a mãe apenas pagou o anel e deixou o local com a filha. “Eu me ofereci para limpar o chão. Não era algo grave, e qualquer criança na idade dela pode ter esse tipo de acidente. Esse tipo de atitude desrespeitosa não pode ser ignorado. As pessoas precisam entender que respeito é uma obrigação”, enfatiza.

 

Boletim de ocorrência e ação judicial

 

Após o ocorrido, Fernanda registrou um boletim de ocorrência e compartilhou o episódio em suas redes sociais. Nesta quarta-feira (30/10), a família decidiu levar o caso à Justiça.

— Tudo o que peço é que esses profissionais sejam capacitados para lidar com o público com respeito. O shopping entrou em contato, mas a loja não fez nenhum contato direto comigo, apenas uma tentativa de ligação no Instagram — afirmou Fernanda.

Segundo a mãe, a situação afetou a menina, que agora está apreensiva em relação a acidentes.

— Quando fomos ao shopping no dia seguinte, ela comentou que ‘não podia fazer xixi na calça’, mostrando que entendeu o que aconteceu e sentiu vergonha — explica.

 

Posicionamento da loja e do shopping

 

A loja Bizz emitiu uma nota lamentando o ocorrido e negou qualquer atitude discriminatória, afirmando que investigou o caso por meio de câmeras de segurança. A loja tentou contato com a mãe, mas não obteve resposta. “Pedimos desculpas sinceras se nossa equipe não lidou da maneira adequada. Estamos comprometidos em aprimorar nossos treinamentos para evitar situações como essa.”

O Shopping Estação, também por meio de nota, reforçou seu compromisso com o respeito e inclusão, repudiando qualquer forma de discriminação. “Nos solidarizamos com o relato da cliente e a acolhemos prontamente. Acionamos o lojista para que as providências sejam tomadas.”

A Polícia Civil de Minas Gerais informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerância Correlatas (Decrin), em Belo Horizonte.

 

Fonte : Rádio Sucesso FM

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